Que a minha aventura de vida inspire você a realizar a sua.

Faço parte da geração de auto-didatas que desbravou um novo caminho antes da chegada da internet. Por muito tempo, me senti um ponto fora da curva num mundo onde meditação, mantras e caminho interior não tinham a menor importância: sim, não é fácil ser um visionário.

Nos meados dos anos 80, eu era uma jovem visionária, estudante de Biologia e profundamente crítica contra a visão reducionista e materialista da ciência moderna. Mesmo antes do paradigma quântico se tornar o veículo da nova sociedade holística, eu já acreditava que a música seria a medicina do futuro e que a dança seria a psicologia: esse futuro chegou, e eu me orgulho de ter contribuído para isso e de ter conseguido manter sempre uma visão integrativa entre ciência e arte, tradição e modernidade, espiritualidade e tecnologia.

Descobrindo o poder da música e da dança.

Essa visão mais aberta veio certamente da minha origem profundamente ligada à arte. Nasci filha de um renomado professor da dança de salão de São Paulo, o Velho Pietro, que me introduziu na prática da música e da dança. Enquanto aprendia a dançar boleros e sambas com meu pai, minha infância foi cercada de grandes nomes da música brasileira que frequentavam a minha casa. Cresci entre saraus de boemia e rodas de choro que avançavam madrugada adentro. Aprendi violão e percussão diretamente com nomes como Papete, maestro do Choro Benedito Costa, Jorge Costa e Trio Mocotó entre tantos outros ilustres. Entre estudos de teoria musical, piano, violão clássico e voz, a música brasileira se tornou a minha primeira paixão. Eu era a atração das rodas de choro: uma garotinha com dez anos que descobria ali o improviso, o tocar de ouvido, o fluir ao sabor da inspiração. Muitos anos depois, transformei essa rica experiência numa tese de Mestrado sobre “Os Cantores da Noite”, mas nunca consegui dar continuidade ao doutorado por absoluta falta de apoio.

Ainda muito jovem comecei a dar aulas de dança em clubes e bailes e foi quando despertei para o incrível poder de cura da música e dança na vida das pessoas comuns. Mesmo para quem estava começando do zero, a dança era o caminho para despertar a alegria de viver, a criatividade, a sensibilidade, a cura e a afetividade num mundo que se rendeu ao caos, ao stress e que perdeu o sentido da vida.

O encontro entre arte e espiritualidade.

Curar pessoas através da dança foi a minha inspiração para começar a desbravar um caminho novo diante das raríssimas oportunidades que o mundo sem internet nos oferecia. Enquanto eu buscava encontrar respostas para os fenômenos de mediunidade que aconteciam comigo, mergulhei pouco a pouco nos caminhos da busca espiritual. Nesse momento aconteceu o encontro com o Dr.Mário Baldani, criador da Biocibernética Bucal, que se tornou um divisor de águas na minha vida introduzindo-me nos estudos de medicina holística, onde me reencontrei com a Biologia numa nova visão.

Todas essas experiências foram me guiando ao encontro dos antigos sistemas de equilíbrio corpo-mente-espírito. Conheci o yoga nos raros núcleos de estudo que havia e tive os meus primeiros contatos com o Sufismo em grupos mais fechados onde não se admitia fazer uso de música ou de dança para meditar, mas mesmo assim, ali eu aprendia muito: Rumi, Shams, Ibn Arabi, Al Gazzali, Zihkr. Sobre meditar com movimentos, encontrei alguns livros sobre o Chi Kung nos sebos e devorei o que podia.

Finalmente, descobri a Dança do Ventre junto de imigrantes árabes no Brasil e foi aquele tipo de encontro que muda a vida para sempre. Aproveitei todas as oportunidades de aprender o que era possível numa época em que ninguém queria ensinar a dança do ventre fora das famílias de imigrantes. Apesar das dificuldades, eu tinha uma tal familiaridade com essa dança que em poucos meses me tornei professora, fazendo história numa época em que quase não havia escolas no Brasil. Devo lembrar que as poucas professoras que havia se dedicavam a ensinar alunas para fazer shows, bem no estilo “cabaré”. Sim, pode ser lindo e mesmo muito estimulante: mas eu já estava acostumada aos palcos e meu encontro com a Dança do Ventre foi absolutamente transformador: porque nunca eu tinha experimentado uma técnica tão intimamente vinculada à respiração, emoções, sensações e sentimentos. Na minha descoberta, a antiga dança egípcia era simplesmente o mais completo mapa dos movimentos naturais do corpo feminino: era um caminho para revelar a sua sabedoria oculta. Senti que a Dança do Ventre era um segredo a ser desvendado que ia muito além da proposta de fazer shows ou coreografias. Sobre a música árabe, tornou-se mais uma paixão a ser cultivada.

Como criei um novo gênero musical abrindo a música brasileira para os ragas, mantras, sufi.

No final de 1995 iniciei meu treinamento em canto clássico hindustani com Ratnabali em São Paulo e depois de duas viagens à Índia para workshops de dança indiana onde pude reviver a atmosfera de várias encarnações passadas, uma grande inspiração me guiou a criar meu primeiro álbum “Bossa Nova Delhi” lançado no início de 2000:

Foi quando a minha poesia mística reuniu pela primeira vez a música brasileira com ragas, mantras e ritmos sufis. Percebi que eu tinha inaugurado um novo estilo musical numa época em que não se falava em música de cura. Tive a alegria de ver a faixa “Mais Filhos de Gandhi” selecionada para a coletânea especial “Gardens of Eden” da Putumayo como um dos melhores trabalhos em World Music do mundo. Segui produzindo álbuns de mantras, sound healing, meditation, e criei o primeiro didático sobre esse tema que foi a série de CDs “Mantras & Chakras” enquanto ensinava nos melhores cursos de formação de professores de yoga e terapeutas holísticos que começavam a surgir no Brasil. Minha música se tornou tema de programas na TV brasileira e correu o mundo em coletâneas como Buddha Lounge e Caras Zen.

O que podemos aprender com Sufismo e Nada-Yoga.

Sempre lutando para construir meu trabalho artístico de maneira independente numa época de tão grandes desafios, minha intuição espiritual levou-me mais uma vez a abrir caminhos: foi quando segui para a Sufi Foundation of America no Novo México ansiosa para estudar com o maior mestre de música e meditação do nosso tempo que foi o grande Adnan Sarhan. Impossível explicar o impacto que ele teve na minha pessoa e na minha obra. A imersão no método Shattari Sufi (método rápido) tornou-se um divisor de águas na minha vida remodelando minha maneira de ensinar música, dança e meditação. Especialmente, me deu a base que eu buscava para transformar a Dança do Ventre num sistema de meditação organizado e completo, creio eu, pela primeira vez na história dessa dança.

Minha paixão pela música indiana me levou até a pós-graduação em musicoterapia estudando com o pai da musicoterpia indiana, o Dr. T.V. Sairam. Fundador do Nada Centre, recebi dele a honra de me tornar a prmeira pessoa no ocidente premiada pelo instituto devido à minha contribuição na área da musicoterapia. Tornei-me também palestrante anual das conferências da Indian Music Therapy Association (IMTA).

A criação do método da Terapia de Fluxo Dimensional e suas modalidades

Convido você a conhecer os programas de desenvolvimento pessoal e certificação de terapeutas nas modalidades da Terapia de Fluxo Dimensional. É um novo método para praticar música, dança, respiração e movimentos com a proposta de desbloquear o fluxo da consciência, manter equilíbrio e saúde em todos os níveis, alçar o vôo místico rumo à missão de alma e ativar o seu DNA criativo.

Atualmente vivo o momento de fazer a minha escola crescer em programas online para atender a todos ao redor do mundo. Considero a minha geração como sendo privilegiada pois ainda guardamos os traços de uma vida anterior à internet e somos imprescindíveis para fazer com que o próximo passo da evolução humana dentro de uma sociedade altamente tecnológica não perca o que restou do coração, dos sentimentos e do amor. É por isso que sempre procurou manter o meu trabalho de iniciação aberto, livre e acessível a todos sem qualquer distinção.

Ana Rita Simonka na Linha do Tempo

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